Ontem assisti ao filme 11 11 11. Um ótimo suspense (quase me matou de medo!) que traz um alerta sobre três armadilhas nas quais somos facilmente apanhados.
A primeira delas é a "apofenia", a tendência humana de encontrar sentido ou padrões em dados que ocorrem aleatoriamente. Em outras palavras, o perigo, bastante comum, de enxergarmos aquilo que queremos ver. Por exemplo, se você acredita em fantasmas e está em uma casa que acha ser mal-assombrada, você tomará qualquer ruído ou acontecimento estranho como prova de atividade sobrenatural. Outro situação de apofenia são adolescentes apaixonadas que vêem todo o tipo de atitude da pessoa alvo de sua paiixão como um sinal de que são correspondidas.
A segunda armadilha são os lobos em pele de cordeiro. Conforme a fábula, um lobo se disfarçou com uma pele coberta de lã e assim conseguiu entrar no rebanho de ovelhas. Fingindo ser uma delas, ele aproveitou para devorar as inocentes e desprevenidas vítimas. Do mesmo modo, o filme retrata como podemos ser enganados pelas aparências e que mesmo aqueles nos quais mais confiamos podem não ser exatamente o que parecem.
E por fim, temos a busca de um propósito. Se não todos, mas ao menos a grande maioria de nós, busca um objetivo maior para a sua vida, algo ao qual possamos nos dedicar e que nos proporcione um sentimento de realização e dever cumprido. O perigo aqui está em se deixar cegar tanto tentando achar este propósito quanto depois de encontrá-lo.
Às vezes, queremos tanto algo para nos guiar, que podemos nos apegar a uma ideia que nos foi sugerida sem nos preocupar em antes encontrar sua verdadeira natureza e compará-la aos nossos próprios princípios. Digamos que no ambiente em que estamos inseridos, entende-se realização como ser bem sucedido na carreira, deste modo, podemos acabar acreditando que este é o caminho a seguir, sem avaliar o que isto realmente significa e o quanto isto está de acordo com quem somos ou desejamos ser.
Além disto, depois que estabelecemos uma meta, o grande risco é o fanatismo. Quando agimos por uma causa, a tendência é termos nosso julgamento afetado e deixarmos de ser parciais (Ver Posturas radicais). E nesta situação, a melhor estratégia poderia ser contrariar a máxima de Maquiavel de que os fins justificam os meios, considerando que para manter o equilíbrio, não podemos usar nossa meta como justificativa para nossas ações. Não podemos agir por impulso para alcançar o que desejamos - precisamos buscar o melhor modo de fazer o que é necessário e sempre enxergar as diversas possibilidades de cada cenário (Ver Diferentes possibilidades) e não escolher o caminho mais óbvio sob a desculpa: 'eu fiz o que precisava ser feito'.
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Fernando Dannemann - Recanto das letras
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