sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Liberte sua raiva



O artigo Liberte sua raiva: aprenda como lidar com a emoção de modo saudável da Revista Vida Simples indica que na medida certa a raiva pode ser benéfica.

"Raiva não é agressividade e nem hostilidade, são emoções diferentes", diz Maria Teresa Nappi Moreno, doutora em psicologia clínica pelo Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autora do livro Raiva, uma das Emoções Ligadas à Gastrite e à Esofagite (Vetor). "Quando mal trabalhada, pode ser expressa por comportamentos agressivos ou hostis".

Para Vera Martins, especialista em medicina comportamental pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desde crianças somos ensinadas que a raiva é uma emoção negativa, pecaminosa e típica de pessoas mal-educadas. Também acreditamos que se demonstrarmos nossa irritação, ninguém irá gostar de nós.

Na realidade, a principal função desse sentimento é expressar que algo não está bem, impulsionando-nos a buscar mudanças. "A partir do momento que um evento ou uma pessoa nos fere além do aceitável, vivenciamos um mal-estar que pode variar de uma sensação de aborrecimento, irritação até uma explosão de ira e fúria", afirma em seu livro Tenha Calma! - Como Lidar com a Raiva no Trabalho e Transformá-la em Resultados Positivos (Campus Elsevier).

Seja como for, é bom lembrar que a ira é um sentimento natural a todo ser humano e até pode ser benéfica se for expressa na medida certa. Isso porque nos ajuda a impor limites. "A raiva é um fenômeno universal, tão natural quanto a fome, a solidão, o amor ou o cansaço. A capacidade de sentir e de reagir de alguma forma a esse sentimento faz parte de nós desde que nascemos", afirma o psiquiatra e psicanalista americano Theodore Rubin, autor de O Livro da Raiva (Cultrix).

Os argumentos acima vêm comprovar uma verdade: a ira é legítima e até saudável quando dentro de limites aceitáveis. O que muita gente não sabe, diz a psicóloga Daniela Levy, presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), é que essa emoção tão discriminada possui aspectos muito benéficos: "Durante muito tempo, o lado bom da raiva foi negligenciado. Mas desde o surgimento da psicologia positiva, há 12 anos, compreendemos que ela tem características salutares que hoje já estão cientificamente comprovadas".

Segundo a especialista, diversos estudos demonstram que nos momentos de fúria ativamos regiões cerebrais relacionadas ao desejo, o que nos ajuda a focar nossas atitudes e a atenção em necessidades imediatas. "Há uma crença deturpada de que quem tem inteligência emocional não manifesta a raiva, principalmente no ambiente de trabalho. Mas há formas e formas de demonstrar a insatisfação. Pontuar que algo não nos agradou não tem nada a ver com ser rude ou grosseiro", afirma.

Quando temos consciência do que nos incomoda, fala Daniela Levy, conseguimos nos relacionar melhor com os outros. Mas, quando vivemos engolindo sapos, corremos o risco de explodir a qualquer momento, perdendo o controle de nossas emoções e descontando no primeiro que passar pela frente.


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