sexta-feira, 8 de junho de 2012

Garotos x Garotas

Simone de Beauvoir se preocupava com a forma como as mulheres são julgadas como iguais apenas na medida em que agem como os homens. Ela considerava equivocada esta idéia, pois ignora o fato de que homens e mulheres são de fato diferentes. Profissionalmente, por exemplo, as mulheres são desvalorizadas por levar em conta sentimentos ou demonstrar outras características tidas como femininas.

No entanto, contrária a teoria de Beauvoir, conforme estudo realizado pela Universidade de Yale e divulgado pelo jornal "Daily Mail”, a mesma atitude julgada como negativa para uma mulher, quando realizada por um homem pode ser interpretada como positiva.  De acordo com os pesquisadores, as profissionais que falam muito (característica tida como feminina) são vistas como menos competentes, enquanto no caso dos homens, a situação é contrária, quanto mais eles falarem e expressarem a sua opinião, melhor para a sua imagem profissional.

Segundo a professora universitária, Victoria Brescoll, “As mulheres muito falantes são consideradas autoritárias e arrogantes. Enquanto quando os homens falam muito, as pessoas querem recompensá-los.” Situação que eu acredito ocorrer devido às definições impostas pela sociedade de que o papel feminino é ser sutil e delicada, enquanto homens devem ser agressivos e dominadores.


Segundo Beauvoir, as mulheres devem se libertar tanto da idéia de que devem ser como os homens quanto da passividade que a sociedade lhes atribui. Viver uma existência verdadeiramente autêntica traz mais riscos do que aceitar um papel já imposto, porém é o único caminho para a igualdade e liberdade (Ver De quem é a culpa? e Você acredita em Destino?).

Ainda hoje os vários papéis definidos para as mulheres (mãe, esposa, virgem...) as aprisionam – como exemplo temos as cobranças da sociedade que estipula que uma mulher deve necessariamente se casar e ter filhos para ter uma existência completa, o que não acontece com os homens que podem escolher formar ou não uma família – e lhe recusam escolher e definir por si mesmas o seu “eu.”


Por fim, o que Beauvoir pregava era que apesar de diferentes, homens e mulheres devem ter as mesmas possibilidades de manifestação de interesses, desejos e idéias.  E uma equivalência de direitos sem a imposição de um modo de ser e pensar.

Fonte: O Livro da Filosofia - Editora Globo

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