Assim sendo, o que nos difere de todos os outros seres do
mundo é que podemos nos tornar aquilo que escolhermos, embora tenhamos que aceitar
algumas limitações (nenhuma vontade fará com que tenhamos asas, por exemplo).
Mas mesmo dentro do âmbito das escolhas realistas com freqüência tomamos
decisões baseadas no hábito ou visão habitual que temos de nós mesmos.
Sartre sugeriu que nos libertemos das maneiras habituais de
pensar e encaremos as implicações de viver num mundo em que nada é
predeterminado. E com isto, encaremos as escolhas em nossas ações. Quando
alguém decide se tornar um filósofo, por exemplo, implicitamente está afirmando
que ser filósofo é uma atividade importante. De modo, que cada um é responsável
pelo impacto de sua vida sobre toda a humanidade. Sem desculpas que nos eximam
das escolhas feitas (ou seja, caso você inicie o Apocalipse, não adiantar culpar a Ruby por ter lhe influenciado).
Então, ao assumir a responsabilidade pelo impacto de nossas
ações sobre os outros, precisamos também escolher o modo como moldamos o mundo
e nós mesmos. Sartre diz que
“Primeiramente, o homem existe, se descobre, surge no mundo e só depois se
define”, o que seguindo o raciocínio de Kant (Ver De quem é a culpa?),
significa que somente após esta auto-definição, uma pessoa pode se julgar livre
ou na maioridade.
“Quanto aos homens,
não é o que eles são que me interessa, mas o que eles podem se tornar” afirmou o
filósofo, na mais libertadora de suas idéias, indicando que você pode recomeçar
sempre independente de o que você tenha feito ou quem tenha sido até o momento,
afinal o que importa mesmo é o que você pretende fazer daqui para frente e quem
você deseja ser.
Fonte: O Livro da Filosofia - Editora Globo
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