quinta-feira, 31 de maio de 2012

Johnny Cash


Para mim, o filme Johnny & June (Walk the line), sobre a vida do falecido cantor Johnny Cash foi inspirador, não apenas por me fazer admirar o cantor também com pessoa (pois eu já o apreciava pelo grande artista que foi), mas por três razões bem específicas.


Em primeiro lugar, por mostrar uma história de amor para a vida toda. Johnny foi casado antes e teve filhos, assim como June Carter (seu grande amor), e mesmo os dois como um casal tiveram seus percalços, mas quando finalmente ficaram juntos, foi literalmente até que a morte os separasse. Além do fato de que Johnny, muito antes de pensar em ser famoso, já ouvia June cantar e acompanhava sua carreira, o que dá um toque ainda mais romântico a história dos dois.

Em segundo, por retratar a busca de Johnny por sua verdadeira vocação e seu percurso com falhas, sucessos, erros e recomeços. Cash tinha um sonho, mas como a maioria de nós, ele precisava pagar as contas e não era nada fácil conciliar a busca pelo que realmente desejava e seu emprego convencional. Superada esta etapa, infelizmente como errare humanum est*, já no auge de sua carreira Johnny errou (e errou feio sendo preso por envolvimento com drogas ilícitas), mas isto não o fez desistir. E voltou a cantar. A coragem que ele mostrou tanto no início de sua trajetória como cantor (e talvez um pouco de egoísmo necessário por não sacrificar seu sonho para manter uma situação estável para sua família), assim como quando retomou sua carreira após sua reabilitação, é certamente um exemplo a ser seguido. Principalmente por mostrar os fracassos por trás do sucesso que como diz Dan Miller em seu livro Segunda-feira nunca mais! são o motivo pelo qual que crescemos e ampliamos nossas fronteiras.

E por último, e mais importante, pela  pergunta, feita pelo dono de uma pequena gravadora em Memphis a Johnny quando ele ainda fazia uma audição na esperança de gravar seu primeiro disco: Se você fosse atropelado por um caminhão, e estivesse deitado no chão, morrendo, e só tivesse tempo para cantar uma música, uma música que permitisse a Deus saber como você se sentiu sobre o seu tempo aqui na Terra. Uma música que mostrasse quem você é. Esta seria a música que você cantaria? Cash apresentava com seus amigos, uma música gospel já conhecida e que eles haviam ensaiado exaustivamente: a opção menos arriscada e também a menos original possível. E somente diante da questão acima, ele decidiu tocar uma música que havia composto e como diria Kant assumir sua maioridade (Ver De quem é a culpa?)




Cabe a nós, então, ajustada a pergunta, indagar a nós mesmos se o que estamos fazendo é o que faríamos caso fosse a última coisa que faríamos na terra. Se a resposta for negativa, provavelmente estamos no caminho errado e precisamos abandonar a escolha segura e agir de acordo com as nossas aspirações por mais arriscado e insano que isto pareça.

*“Errar é humano, e é sábio reconhecer o erro.” Jerônimo (347-419)



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